segunda-feira, 12 de agosto de 2013

God save the weekend


Os fins de semana não me tem sabido a fins de semana. Primeiro porque andamos a mil, depois porque já comecei a trabalhar a doer e depois porque nem consigo parar para pensar em que dia é que estamos. Mas apesar disso e do pouco tempo que sobra para respirar temos conseguido aproveitar algumas coisas. 
Felizmente só fui uma vez para o trabalho às 6 da manhã de comboio, o sol é lindo a essa hora mas não é uma experiência que me apeteça muito repetir! Em compensação trabalho com esta vista e com cavalos maravilhosos à volta, nada mau pois não? Ás vezes apetece-me estar ali um bocado a olhar para a janela, é uma zona mesmo bonita, pena ficar em nenhures. Uma coisa que me tem espantado é que há mesmo muito verde aqui, nas casas, parques no meio da cidade, nas redondezas, qualquer lado é bom para um bocadinho de relva. E há vacas e ovelhas a pastar mesmo aqui ao lado, pensava que estas crianças nem sabiam de onde é que vinha a carne! 


Tal como no Porto, aqui há sempre dezenas de coisas a acontecer ao mesmo tempo, como eu amo isso! Mercados de rua, flores em todo o lado, concertos, festivais, vendas, tudo e mais qualquer coisa. Num desses mercados matei saudades de arroz que já não comia à duas semanas que esta gente aqui não come e além disso é caríssimo no supermercado! Também cá há chinatown e a seguir à de Londres, é a maior do Reino Unido.


Tivemos uma visita não planeada mas maravilhosa e fomos logo à bola, ah que espectáculo mai lindo e ainda por cima vermelho e branco! Os melhores adeptos do mundo sem dúvida, que ambiente. Do outro lado do estádio é Salford com os seus Salford Quays, uns canais construídos por altura da Revolução Industrial julgo eu, juntamente com as docas de Manchester e do porto que entretanto foi encerrado. É uma zona mesmo muito bonita para passear se bem que nem deu tempo de tomar um café, ao domingo nesta terra a partir das 16H acabou, raios os partam! 

Manchester

Apesar de não ter a certeza de estar viva por dentro ainda estou viva por fora! E cansada, cansada, cansada, 1000 vezes cansada. Turnos de 12h não rimam com busca de uma casa nova, com adaptar a uma nova cidade e muito menos a uma nova língua. Pelo amor da santa! Passa-me tanta coisa ao lado no trabalho que prefiro nem pensar nisso. Por outro lado digo bacoradas muito bem, em quantidade e qualidade. Mas nem tudo é mau, já fiz quatro turnos e não me despediram. Dos meus neurónios estourados de tanto tentar entender o que o mundo à minha volta está prali a dizer (sim amigos, não se enganem com o bonito inglês americano que ouvimos a toda a hora em PT, aqui o sotaque é TERRÍVEL, as palavras são imensas e as expressões mais ainda), consegui tirar as seguintes conclusões:
  • Os ingleses são uns badalhocos mas muito mais simpáticos e prestáveis do que podia imaginar
  • Podiam falar sem vogais porque eles não as dizem
  • Ficam ainda mais loucos à sexta-feira do que eu pensava na semana passada e penso que tem tendência a piorar
  • Não se deve gastar dinheiro com cursos de inglês, chegando aqui eles falam chinês à mesma
  • No norte de UK não se diz dinner ao jantar, diz-se tea
  • No norte de UK diz-se dinner ao almoço
  • Ao domingo a única coisa aberta depois das 16H é o Mcdonald's 
  • O futebol é rei e eles ainda cantam ao CR7 (valha-me deus...)
  • As moedas e as notas tem todas a cara da Rainha e são horríveis para distinguir
  • Casinha que se prese, tem um trampolim no quintal
  • Usa-se roupa de Inverno e Verão todo o ano, tipo saias de seda com meias de lã como se diz na minha terra
  • Uma madeixa rosa ou verde no cabelinho cai sempre bem
  • As mulheres mais gordas são as que tem mais orgulho em andar nuas e com roupa 5 tamanhos abaixo
  • Arranjar casa é uma loucura!
  • 50% das pessoas com que já falei já foi/vai/conhece alguém que passa férias no Allgarve
  • Dizem que estamos em Agosto e que até está um verão bom este ano, para mim é Dezembro
  • Tirando a carne e o peixe, a maioria das coisas é mais barata que em PT, essa é que é essa!
É muita coisa estranha e diferente, mas a verdade é que nem se estranha muito! Tirando a distância e a sensação de já passou muiiiiiiiiiito tempo desde que viemos, tudo bem. 2200km de saudades! 

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Obrigada,em bom português.


E chega porque nunca te vou conseguir agradecer tudo o que estás a fazer por mim, por nós. Mais um voo e mais 2200km. Mais uma história para contarmos aos nossos netos. 

Mãos à obra!





domingo, 4 de agosto de 2013

Cheira bem, cheira a sopinha!

Ai que saudades de comer uma coisa que não fosse sandes ou do género. Esta gente não sabe o que é bom, eu cá estou consolada da vida por hoje!

sábado, 3 de agosto de 2013

Wednesday

Quarta-feira começo a levantar-me às cinco da manhã para ir trabalhar, com meia hora de caminhada pelo meio. Para lá estar às oito. Trabalhar é música para os meus ouvidos! Às vezes ainda nem acredito. Mas já lá fui tirar as teimas, eles existem mesmo e querem-me lá. Além disso vão-me pagar e com contrato, ahhhh caraças ainda pensei que me dessem uns recibinhos verdes! Mas é às cinco da manhã. 12 horas de turno. Meia hora a pé. Já disse que é às cinco da manhã????? Graças a Deus que aquilo é no fim do mundo. Graças a Deus que temos que ter um carro cá senão a este ritmo desapareço e ainda agora cheguei!

Everybody's dancing in the moonlight!

Andei aqui a ler o que tenho escrito nos últimos tempos e nem me reconheço. Que fase tão chata esta de vir embora, arre que temos que acabar com esta versão melancólicotriste que eu mesma já não me aguento :) As coisas seguem por aqui e seguem bem, os ingleses são muito mais simpáticos do que poderia imaginar! E o inglês também flui muito naturalmente, desta é que eu não estava à espera. Daí parece um mundo de complicações e é mas não tanto como vimos a pensar. É toda a gente muito melhor do que eu estava a espera. Uma cidade grande também ajuda, Manchester tem-nos recebido de braços abertos. Claro que os imprevistos são isso mesmo e nós já tivemos um bem grande mas pronto, dinheiro a mais dinheiro a menos a coisa resolve-se. E é até o que tenho pensado estes dias, que até para emigrar é preciso tanto dinheiro! 
O que quero deitar cá para fora é que esta gente fica louca à sexta-feira! Friday night fever. Mas loucos de loucura, de homens e mulheres de 40 anos a fazerem figuras de miúdos de 14! E as ruas enchem-se, os pubs, há música em todo o lado e figuras de chorar a rir. Já sabemos pedir a pint and an half pint e já descobrimos uma cerveja que não pareça morta à nascença! Agora sim as coisas estão a compor-se! Em Roma, sê romano não é? Só falta começar o futebol!
Ontem quando chegávamos ao centro um grupo de miúdos cantava aos berros esta música e puseram toda a rua a cantar e a dançar, nós incluídos! Pela primeira vez senti-me quente aqui, foi tão giro. OMG, acho que também vou começar a ficar doida com as sextas e gostar do TGIF! Cheers! 



quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Estamos assim

Nervosos e serenos, felizes e tristes, entusiasmados e apáticos. Isto tudo é uma montanha russa de emoções e ainda não entendi se está para acabar ou se ainda agora arrancou. Gosto muito de Manchester, apesar de mais conhecer a city que ainda não passeámos muito pelos bairros. Ando aqui a sonhar com uma daquelas casinhas todas iguais com jardim atrás para a minha família ser muito feliz mas obviamente que em 2 dias ainda não arranjamos. Amanhã vou ao meu novo trabalho e tenho o estômago às voltas! Cada vez mais temos a certeza que um carro nos vai fazer muita muita muita falta e ainda não sabemos como resolver isso. Temos falado inglês a valer, mesmo ainda não sendo o mesmo inglês deles dá para o gasto. A parte má disto é que se deixa demasiado para trás e é inevitável pensar, matutar no assunto vezes e vezes sem conta. Quando a coisa estabilizar vai ser mais fácil e criaremos raízes aqui também. Os nossos filhos irão nascer aqui, vão crescer aqui, espero envelhecer aqui. Mas hoje o meu coração ainda está lá e aquela coisa da vida boa que vimos à procura não consola tudo. Não sou de vidas perfeitas, longe disso. Tenho grandes amigos mas sei que alguns deles por causa disto também vão ficar pelo caminho, mais cedo ou mais tarde. É a vida, mais uma vez. Tenho muito mais pena de ainda não ter conseguido falar com a minha avó,  que não sabe ler nem escrever e não tem telefone em casa. E foi, com certeza, a pessoa que mais sofreu por me deixar vir. E eu venho embora sem saber como a vou encontrar na próxima vez que estejamos juntas e sem puder fazer mais nada para a ajudar numa vida que também nunca foi justa com ela. Isto é que dói. Mas não há mas, há coragem. E ultimamente tenho sentido que ela tem que vir de algum lado, dê lá por onde der. Que ela não me falte, é só o que vou pedindo!