Há quase dois anos que não passava aqui tempo sem ser a correr e, confirma-se, não tenho pena nenhuma. Saí daqui e encontrei pessoas boas que felizmente me mostraram que não estou sozinha no mundo, que alguns merecem o melhor de nós. Que a família existe, que devemos dar tudo uns pelos outros. A pequenez da cabeça incomoda-me e ou eu estou completamente rodeada de imbecis ou então há mais gente deste género do que eu podia imaginar. As pessoas não conseguem ser mais do falsas e hipócritas, não querem saber nem dos seus quanto mais dos outros. Ninguém ajuda sem receber qualquer coisa em troca. Não importa mais nada que a vida alheia, dinheiro e propriedades. Importa ostentar e criticar. A cultura e a ambição são pecados. Nunca entendi qual é o sentido da vida de pessoas como as que conheço aqui e com quem, infelizmente, tenho que conviver diariamente. Não se cuida, não se gosta, não se ajuda. Está sempre tudo bem connosco, os outros que se amolem. E ultimamente tenho dado conta que a eles acaba sempre por correr tudo bem, não sei se é o chamado cu virado pra lua.
Tenho que fugir daqui, a minha sinceridade num sítio onde se metem as verdades debaixo do tapete e nos apunhalam todos os dias pelas costas está a dar cabo da pouca paciência que me resta. Espero ensinar aos meus filhos o que é ser bom. Bom de bondoso, de amigo. De altruísmo e generosidade. Não de fachada nem de boca. O interior é que conta e espero conseguir que sejam pessoas bem formadas como eu julgo que sou, apesar de ter aprendido quase tudo sozinha. Orgulho-me disso quando vejo esta gente podre à minha volta e quero que um dia eles façam o mesmo . Tenho nojo do que me rodeia ultimamente, a verdade é essa. Era nisto que gostava que me ajudasses Mãe, gostava de sentir que não estou sozinha no mundo um dia que fosse. Que não preciso de me importar com nada porque também há um lado bom. Mas tu não conheces o lado bom da minha vida.
