quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Sem olhos para ver, sem tempo para sentir

O meu nível de stress está em máximos históricos. Tem estado, espero que hoje seja um dia de viragem, pelo menos vou fazer por isso. A pressão de ser a única pessoa de duas que deixaram tudo para vir para aqui com trabalho acaba comigo. E os turnos de 12 horas também! Uns a seguir aos outros. Ontem vinha para casa a pensar no meio de boa música na rádio que tenho que sair deste trabalho-casa-trabalho por mais morta que acorde em dias de folga como hoje, em que o corpo todo dói como se andasse no ginásio. E fomos passar o dia a Liverpool que é aqui tão pertinho! Em termos de cidade não é nada de especial e estava lá mesmo muiiiiiito frio, não se podia andar na rua. Mas os Beatles estão por todo o lado e o pub onde eles começaram é espectacular! Não me sinto fresca que nem uma alface e dormi todo o caminho. Não tenho uma foto que preste porque não tenho olhos, tenho dois papos. E em muitos momentos dei por mim a pensar nas mesmas inquietações que me tem ocupado na maioria dos dias. Mas parei, respirei, ri alto e dei conta de que também se é feliz a 2200km de distância. Hoje é dia de tentar esquecer a tristeza do que está para trás, as saudades e habituar o corpo e moldar a alma à falta que as pessoas me fazem. Os lugares e os cheiros. Hoje dizia ao G. que não me sinto eu aqui, quando falo inglês a voz não é a minha, nem a expressividade. Quando olho a minha volta não tenho o calor do Porto nem tenho quem mais amo para abraçar. A vida nunca perdoa, ganhas e perdes em tudo o que fazes. Há-de chegar o dia em que equilibro a minha balança por aqui só ainda não é hoje.