quinta-feira, 30 de maio de 2013

Uma questão de rótulo

Hoje li este artigo de opinião do Rui Ferreira no P3 e fiquei a pensar que há duas coisas muito diferentes nisto de ir embora do nosso país à beira mar plantado. Concordo com o que o Rui diz quando fala que nós hoje em dia não podemos ser comparados com a geração dos anos 60, porque somos instruídos, aprendemos a língua muito mais facilmente e a maioria de nós também é qualificada. Ele defende também que não nos podemos fazer dos coitados que foram expulsos do nosso país. Também não gosto desse papel mas isso não é bem um rótulo que assumimos como ele lhe chama, é mais um sentimento. É a diferença entre eu ter um emprego cá e querer ir para fora porque ambiciono mais ou não ter nada e ser obrigado a ir. E isso é muito complicado de gerir e, sem dramatismos, faz-nos mesmo sentir que não temos escolha, não temos lugar para nós aqui. E não sei se nos devemos sentir gratos ao nosso país que nos deu a educação como ele diz, porque nós a pagamos e mesmo assim no final não temos lugar para desenvolver o que aprendemos aqui. Não conseguimos ser melhores, nem estudar mais, nem crescer enquanto profissionais. É muito difícil conviver com esses sentimentos, eu até poderia chegar a uma altura da minha vida em que visse a emigração como uma ambição e sair por minha vontade, por desejar isso para o meu futuro. Mas da forma como as coisas aconteceram, a minha vontade não quis dizer nada, tenho que sair porque aqui cheguei ao fim da linha. Para mim há uma diferença muito grande nesses dois pontos, sou grata ao país onde nasci pelos anos todos que dividi com ele mas ele não me retribui agora que preciso. Também concordo que a felicidade está em qualquer lado, não tem que necessariamente ser no sítio onde nascemos, mas gostava de ter tido as duas opções e depois decidir, até porque não sou acomodada, sou ambiciosa e quero o melhor para mim mas a nossa geração de emigrantes não tem de maneira nenhuma só isso em conta para ir embora. 

1 comentário:

  1. A educação que tenho hoje não devo somente ao país, mas aos meus pais. Porque bem que podiam existir universidades no nosso país, mas se os meus pais não tivessem como me pagar as propinas não adiantaria de muito.

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